terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Landline, Rainbow Rowell

Título: Landline
Autora: Rainbow Rowell
Edição: London: Orion Books, 2014.


Rainbow Rowell é autora norte-americana que ganhou reconhecimento por suas obras voltadas para jovens adultos – Fangirl e Eleanor & Parks. Apesar disso, Landiline, assim como seu romance de estréia Attachtments, tem como público alvo adultos.
No romance, a personagem principal é Georgie, uma escritora para seriados de televisão que recebe a chance pela qual sempre esperou: finalmente consegue que um produtor financie o piloto da série que sonha escrever desde os tempos de faculdade. O problema é que, para conseguir entregar os roteiros exigidos para fechar o negócio, terá que passar o recesso de natal trabalhando. Seu marido decide, mesmo assim, levar adiante os planos da família adiante e viaja com as duas filhas do casal para a casa de seus pais, enquanto Georgie fica para trás tentando se dedicar ao seu trabalho, mas perturbada pela possibilidade de seu casamento estar prestes a acabar.
O enredo sofre de um excesso de informação – os flashbacks; a conturbada relação platônica de Georgie e seu parceiro de escrita, Seth; os diferentes relacionamentos da protagonista com sua família e o drama com seu marido, o introspectivo Neal – e falha por não encontrar uma resolução real. As batalhas pessoais de Georgie para conseguir equilibrar vida pessoal e profissional,  sua história na carreira e o relacionamento platônico com Seth lembram bastante 30 Rock, sitcom americano escrito por Tina Fey que praticamente implora para ser uma das referências da personagem central, mas ao não ser mencionado dá a péssima impressão de que a autora prefere que seu leitor não perceba a nitída influência.
Além dos dramas pessoais, o romance ainda traz um elemento de fantasia: Georgie passa os dias do recesso na casa de sua mãe e lá usa o telefone residencial para telefonar para o residencial da família de Neal – que se recusa a atendê-la no celular. Porém, Georgie logo percebe que não está falando com o Neal do presente, mas sim com o Neal do passado, mais exatamente uma semana antes de pedi-la em casamento. Os dois dividem longas conversas sobre relacionamentos enquanto Georgie reavalia a vida dos dois juntos.
Como personagem, Georgie é bastante frustrante. Sua incapacidade de ter orgulho do próprio trabalho e a facilidade com que o enxerga somente como um problema quando é a única fonte de renda do casal, junto com o fato de que em nenhum momento ela parece perceber que um homem jamais se sentiria culpado por estar na posição em que ela está são irritantes e fazem com que Neal, que tinha tudo para ser um personagem que questiona estereótipos ao escolher ficar em casa com as filhas, torne-se somente um homem inseguro e incapaz de se comunicar de verdade. E, mesmo com o grande gesto dramático final, não há resolução para as questões que o livro aborda justamente por seu tratamento superficial do que poderia ser uma interessante reflexão sobre a dinâmica familiar nos dias de hoje.
O que faz com que, apesar de seus defeitos, Landline seja uma leitura prazerosa é a habilidade de Rainbow Rowell para escrever diálogos divertidos. Apesar disso, é impossível evitar, ao final da leitura, a sensação de que nada aconteceu de fato durante a narrativa e de que os personagens continuam como no começo.

Nota: