domingo, 19 de janeiro de 2014

Zeus Grants Stupid Wishes: A No-bullshit Guide to World Mythology, Cory O’Brien

Título: Zeus Grants Stupid Wishes: A No-Bullshit Guide to World Mythology
Autor: Cory O'Brien
Ilustrações:Sarah E. Melville
Editora: Perigee Book (Penguin)
Edição: New York, 2013.

            Cory O’Brien conseguiu o reconhecimento que permitiu a publicação de seu primeiro livro, Zeus Grants Stupid Wishes: A No-Bullshit Guide to World Mythology graças à popularidade de seu blog, Better Myths. Impulsionado pela paixão por mitologia, O’Brien afirma ser fortemente influenciado pelo trabalho de Joseph Campbell e compartilhar da crença de que os mitos são formas encontradas pelos seres humanos para lidar com suas ansiedades  mais profundas e, por isso, atemporais. Vivemos em uma era em que, segundo o autor, mitos são analisados minuciosamente, porém precisamos também lembrar a importância de recontá-los.
            Apesar de recontagens de mitos certamente não serem raridades que o escritor gostaria de fazer-nos acreditar, O’Brien consegue que as suas tenham um diferencial por meio da irreverência. Em uma linguagem informal, recheada de palavrões e gírias e fortemente influenciada pela visão atual do mundo, o autor apresenta mitos de diversas culturas em versões curtas e que servem de introdução ao universo da mitologia para quem pouco o conhece.
            São fontes de inspiração a mitologia grega, nórdica, egípcia, maia, judeu-cristã, hindu, japonesa, africana – que conta com uma introdução em que é explicado que a cultura africana é plural e ali estão apenas algumas histórias selecionadas pelo autor – chinesa, sumeriana, nativo-americana (da América do Norte) e, talvez a adição mais desnecessária, a estadunidense.
            Todas as culturas são introduzidas por meio de seus mitos de criação e é interessante perceber as semelhanças entre eles, ressaltadas pontualmente pelo autor. Porém é bastante questionável, especialmente para o leitor estrangeiro, a presença de mitos estadunidenses que acabam parecendo uma adição despropositada em relação ao todo da obra – especialmente quando consideramos que esse espaço poderia ter sido facilmente ocupado por alguma mitologia esquecida pelo autor, como a celta. Da mesma forma, o autor parece procurar poupar a mitologia judaico-cristã de suas tiradas mais ácidas. A leitura “polêmica” dos mitos parece mirar o gosto da plateia ocidental  de seu autor mais do que deveria.
            No geral, as piadas de O’Brien focam as discrepâncias  entre o mundo antigo e o mundo moderno e o “absurdo” que existe sustentando essas narrativas para criar o humor. Apesar disso, existe algum teor informativo no texto e o autor consegue equilíbrio ao trazer junto ao cômico conteúdo o suficiente para que seus textos funcionem como uma pequena introdução ao universo dessas mitologias.
            Sobressaem-se os capítulos sobre a mitologia grega e nórdica por ser clara a maior desenvoltura do autor ao lidar com essas narrativas. Zeus grants stupid wishes mostra-se como uma opção interessante para expandir a percepção de leitores e chamar a atenção, principalmente, do público jovem. É uma leitura leve e que consegue arrancar risadas, porém que se limita já na sua proposta a certa superficialidade que não é tão obrigatória quanto seu autor parece acreditar.

Nota: ♥♥ 

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