Autor: Cory O'Brien
Ilustrações:Sarah E. Melville
Editora: Perigee Book (Penguin)
Edição: New York, 2013.
Cory
O’Brien conseguiu o reconhecimento que permitiu a publicação de seu primeiro
livro, Zeus Grants Stupid Wishes: A No-Bullshit Guide to World Mythology graças à popularidade de seu blog, Better Myths. Impulsionado pela paixão por mitologia, O’Brien afirma ser fortemente
influenciado pelo trabalho de Joseph Campbell e compartilhar da crença de que
os mitos são formas encontradas pelos seres humanos para lidar com suas
ansiedades mais profundas e, por isso,
atemporais. Vivemos em uma era em que, segundo o autor, mitos são analisados
minuciosamente, porém precisamos também lembrar a importância de recontá-los.
Apesar de
recontagens de mitos certamente não serem raridades que o escritor gostaria de
fazer-nos acreditar, O’Brien consegue que as suas tenham um diferencial por
meio da irreverência. Em uma linguagem informal, recheada de palavrões e gírias
e fortemente influenciada pela visão atual do mundo, o autor apresenta mitos de
diversas culturas em versões curtas e que servem de introdução ao universo da
mitologia para quem pouco o conhece.
São fontes de
inspiração a mitologia grega, nórdica, egípcia, maia, judeu-cristã, hindu,
japonesa, africana – que conta com uma introdução em que é explicado que a
cultura africana é plural e ali estão apenas algumas histórias selecionadas
pelo autor – chinesa, sumeriana, nativo-americana (da América do Norte) e,
talvez a adição mais desnecessária, a estadunidense.
Todas as
culturas são introduzidas por meio de seus mitos de criação e é interessante
perceber as semelhanças entre eles, ressaltadas pontualmente pelo autor. Porém
é bastante questionável, especialmente para o leitor estrangeiro, a presença de
mitos estadunidenses que acabam parecendo uma adição despropositada em relação
ao todo da obra – especialmente quando consideramos que esse espaço poderia ter
sido facilmente ocupado por alguma mitologia esquecida pelo autor, como a
celta. Da mesma forma, o autor parece procurar poupar a mitologia
judaico-cristã de suas tiradas mais ácidas. A leitura “polêmica” dos mitos
parece mirar o gosto da plateia ocidental de seu autor mais do que deveria.
No geral,
as piadas de O’Brien focam as discrepâncias entre o mundo antigo e o mundo moderno e o
“absurdo” que existe sustentando essas narrativas para criar o humor. Apesar
disso, existe algum teor informativo no texto e o autor consegue equilíbrio ao
trazer junto ao cômico conteúdo o suficiente para que seus textos funcionem
como uma pequena introdução ao universo dessas mitologias.
Sobressaem-se
os capítulos sobre a mitologia grega e nórdica por ser clara a maior desenvoltura
do autor ao lidar com essas narrativas. Zeus
grants stupid wishes mostra-se como uma opção interessante para expandir a
percepção de leitores e chamar a atenção, principalmente, do público jovem. É
uma leitura leve e que consegue arrancar risadas, porém que se limita já na sua
proposta a certa superficialidade que não é tão obrigatória quanto seu autor
parece acreditar.
Nota: ♥♥
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