Título: O Grande Gatsby
Autor: F. Scott Fitzgerald
Tradutor: Vanessa Barbara
Edição: São Paulo: Penguin Classics - Companhia das Letras,
2011.
Hemingway, de quem F. Scott Fitzgerald era amigo pessoal, popularizou
o termo “geração perdida” criado por Gertrude Stein para descrever os jovens
adultos que alcançaram a maioridade durante a Primeira Guerra Mundial e viveram
os roaring twenties (em tradução
livre, vigorosos anos 20). Esta geração foi definida, principalmente, pelo
desejo de romper com as tradições. Em seu romance mais famoso, O Grande Gatsby, Fitzgerald debruça-se
sobre uma das ideias que inspiravam, atormentavam e fascinavam sua geração: o
sonho americano.
O Grande Gatsby é um romance narrado por
Nick Carraway, jovem veterano da guerra que acaba de se mudar para uma nova
vizinhança em Nova Iorque graças à uma oportunidade de trabalho. Assim que se
estabelece, Nick retoma contato com sua prima, Daisy, e o marido dela, Tom
Buchanan. Nessas visitas conhece também Jordan Baker, proeminente tenista com
quem começa um relacionamento.
Nick logo
descobre que a área em que estabeleceu residência é bem conhecida na cidade
graças às festas que seu vizinho, Jay Gatsby, dá. Dono de uma impressionante
mansão, Gatsby periodicamente organiza celebrações impressionantes em seu
requinte e ostentação, apesar de não ser um participante entusiástico delas.
Observa-as de fora, o que só alimenta ainda mais a curiosidade a respeito de
sua figura misteriosa. Nick recebe um
convite para uma das festas e lá reencontra Jordan e descobre que seu vizinho e
Daisy foram apaixonados no passado.
São
expostos, então, os relacionamentos entre as personagens. Gatsby aproxima-se de
Nick e consegue finalmente uma entrada para o círculo social de Daisy. Apesar
de possuir dinheiro, Gatsby mantem-se um forasteiro ao universo do qual deseja
fazer parte. Conforme estabelece com Nick uma relação de amizade, é revelado
como Gatsby conseguiu ascender socialmente e porque, afinal, preocupa-se tanto
com suas festas. Seu longo diálogo é marcado pelo jeito caricato de falar e sua
história de vida e sonhos contrastam com a superficialidade afetada dos outros
personagens.
O Grande Gatsby é comentário ácido sobre
relações de classes. Aos personagens de berço de ouro resta uma covardia imensa
de sair do conforto, mesmo quando esse conforto não traz felicidade concreta. A
filha de Daisy e Tom, praticamente ignorada pelos pais, traz a promessa de que
a alienação que permite que essas pessoas mantenham-se onde estão deverá
continuar a existir. Por outro lado, Gatsby mostra que não há redenção para
quem luta pela ascensão social a qualquer custo, pois o dinheiro traz também a
corrupção do espírito jovem que acaba tornando-se inescrupuloso.
Se o personagem de Nick é
estranhamente otimista para alguém que viu a Guerra – mas talvez assim tenham
sido os jovens de classe média de sua geração – quando percebe a dura realidade social
por meio do relacionamento com seus amigos, e em especial com Gatsby, começa a
ter uma visão mais pessimista do mundo. O sucesso deixa de parecer uma equação
simples em que esforço e inteligência resultam em felicidade.
A prosa de Fitzgerald é bem
calculada e sabe ser pomposa na medida em que sua narrativa de aparência versus realidade pede, evitando exageros
despropositados e encontrando um de seus maiores trunfos na construção de vozes
convincentes para seus diferentes personagens. O enredo intercala momentos mais
calmos e reflexivos com momentos de ação intensa, mantendo um ritmo que prende
o leitor e, junto com o tema principal, explicam facilmente a longevidade do
romance.
Nota: ♥♥♥♥
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